segunda-feira, 30 de maio de 2011

Campanha Eleitoral - Maviavel Melo

Leiam mesmo, muito bom!

Campanha eleitoral – Maviavel Melo

Um senador do estado passou dessa pra melhor
Ou pra uma outra bem pior, vou relatar o passado.
Chegando o ‘pobre coitado’ na porta do firmamento
São Pedro disse: um momento! Tenha calma cidadão!
Faça aqui sua opção e assine o requerimento.

Pois aqui tem governia, tudo está no seu lugar
E você vai optar onde quer passar o dia
Depois, com democracia, me dará a sua resposta
De ir pra o céu ou pra o inferno, viver de túnica ou de terno
Do jeito que você gosta...

E então o senador assinou a papelada
E descendo por uma escada entrou num elevador
E desceu com o assessor pra o inferno conhecer
Pra depois escolher onde queria morar
E qual seria o lugar que escolheria viver.

No inferno ele viu um campo todo gramado
Verdinho, bem arrumado, como os da capital do Brasil
Um homem grande e gentil disse-lhe: Eu sou o cão
Muito prazer meu irmão! Aqui é você quem manda!
E deu ordens para que a banda tocasse outro baião!

Encaminhou a visita para uma mesa repleta
Uma assessoria completa num alpendre de palafita
Uma assistente bonita, cerveja, whiskys, salgados
Dinheiro pros carteados, charutos dos bons e cubanos
Foi relembrando dos anos e dos acordos fechados.

Encontrou com os amigos dos tempos áureos de glória
Relembrando as histórias que já haviam esquecido.
Whiskys envelhecidos não paravam de chegar
Jogando cartas e fumando, parecia um marajá
Mas já estava chegando a hora de voltar

E então no elevador ele tornou a subir
Para então decidir e finalmente propor
Mas no céu o senador vê um cenário de paz
Com um sereno assaz, anjinhos tocando lira
São Pedro disse: Confira e não volte atrás.

Era um silêncio danado, sem whiskys nem cerveja
No máximo uma cereja e ele já agoniado
Disse assim, determinado: Já tomei minha decisão!
Quero ir morar com o cão, pois lá me sinto melhor
Não que aqui seja pior, é só questão de opinião.


São Pedro disse: Pois bem, pode ir pro elevador
Que logo meu assessor fará o que lhe convém
O senador disse amém já pensando no sucesso
Que seria o seu regresso para o quinto dos infernos.
Lá também seria eterno e a tudo teria acesso.

E assim que ele desceu numa imensa alegria
Sentiu logo uma agonia, algo estranho percebeu
Atrás desapareceu a porta do elevador
E o pobre senador só via fogo e tortura
Deu-lhe logo uma amargura, era um cenário de horror

Nisso ia passando o cão deu-lhe uma chibatada
Sorrindo em gargalhada, mexendo um caldeirão
Empurrou-lhe um ferrão deixando a testa ferida
E ele retado da vida disse : rapaz sou eu!
O senador! Se esqueceu?
Cadê aquela acolhida?

Eu peguei o bonde errado ou o cabra se atrapalhou
E pra cá me mandou, deve ter se enganado
Meu lugar é no gramado, jogando golfe e fumando
Eu nada estou lhe cobrando, foi você que ofereceu!
E o wisky, se esqueceu? Eu devo estar delirando...

E o diabo a sorrir disse-lhe: seja bem vindo!
Mas o que está me pedindo eu não vou poder cumprir
Quando estivestes aqui, naquela ocasião,
Não era outra coisa não, não me leve a mal
Foi campanha eleitoral e eu ganhei a eleição.



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